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COLAGEM
A colagem, enquanto prática artística, ocupa um lugar singular na história da arte moderna e contemporânea, ao reunir elementos visuais de diferentes origens em uma nova configuração poética. Mais do que simples sobreposição de materiais, trata-se de um procedimento criativo que questiona a unidade da obra, introduzindo fragmentos do real no campo da representação. Desde suas primeiras manifestações nas vanguardas do início do século XX, a colagem se consolidou como linguagem autônoma e, ao mesmo tempo, como método de investigação formal para a pintura.
Georges Braque e Pablo Picasso são considerados os pioneiros da colagem no contexto do Cubismo, quando, em 1912, começaram a incorporar papéis de parede, jornais e outros materiais cotidianos às suas composições. Essa prática ampliou os limites da pintura tradicional, trazendo para o espaço artístico texturas, signos e referências do mundo real. Posteriormente, artistas como Henri Matisse exploraram a colagem em sua fase dos “papiers découpés”, nos quais o recorte e a sobreposição de papéis coloridos tornaram-se um recurso essencial para a criação de composições vibrantes, que uniam pintura e escultura em uma síntese poética.
No Surrealismo, a colagem assumiu outra dimensão, sendo utilizada como meio de subversão da lógica racional. Artistas como Max Ernst criaram composições a partir da justaposição inesperada de imagens impressas, revelando universos oníricos e inquietantes. Já no século XX avançado, a Pop Art de Richard Hamilton e os trabalhos de Robert Rauschenberg renovaram a colagem como linguagem crítica, incorporando fotografias, impressos publicitários e objetos do consumo de massa.
Além de sua autonomia como técnica, a colagem também se destaca como instrumento de estudo para a pintura. Ao organizar recortes de formas, cores e texturas, o artista pode experimentar arranjos compositivos que depois podem ser transpostos para a tela. Nesse sentido, a colagem funciona como um laboratório visual, permitindo decisões mais rápidas e intuitivas antes da execução pictórica.
Assim, a colagem revela-se um recurso fundamental na arte: como prática independente, desestabiliza fronteiras entre pintura, escultura e objeto; como método preparatório, auxilia o artista no exercício compositivo e cromático. Ao longo da história, mestres como Picasso, Braque, Matisse, Ernst e Rauschenberg demonstraram a potência dessa técnica, que continua a inspirar novas gerações e a expandir os limites da criação artística.